É interessante pensar na grande quantidade de brasileiros que sonham em morar no exterior, e que ao conquistarem este sonho se se depararem com a realidade, descobrem que nem tudo é da forma como imaginavam. Passam por um choque cultural tão grande que passam a acreditar que talvez não tenham feito a melhor escolha e que talvez estivessem mais felizes no conforto de suas casas e junto às suas famílias. E você saberia me dizer por que isso acontece? Não? Então eu vou começar esta discussão avaliando o problema principal: questões emocionais e de adaptação.

Pense bem… Você sai do país no qual nasceu, desenvolveu a sua personalidade e adquiriu toda a sua cultura, convivendo com pessoas que possuem hábitos e costumes similares aos seus, e de repente, precisa se adaptar a uma realidade totalmente diferente. Temos que concordar que é uma situação assustadora, não é mesmo? Mas será que precisa ser assim?

Ao observar e ouvir histórias de pessoas que assim como eu, saíram de seus países de origem para começar a vida em outro lugar no exterior, pude perceber que existem diferentes perfis comportamentais, mas destes, dois se sobressaem: os adaptáveis e os inadaptáveis.

Os adaptáveis são aqueles indivíduos que estudam o idioma, treinam com nativos, apreciam a comida, a música e todas as questões culturais e, desta forma, passam com mais facilidade pelo processo de adequação. Em contrapartida, do outro lado da moeda, estão os inadaptáveis, que correspondem ao grupo de pessoas que saem de seus países para mudarem de vida, mas se recusam a mudar internamente. Por este motivo, passam a viver dentro de uma bolha, evitam conhecer o idioma, fogem o máximo que podem dos nativos da região, vivem se lamentando por sentirem saudades de suas famílias e só se comunicam com as pessoas que compartilham de suas origens. Agora eu lhe pergunto: será que estes indivíduos estavam mesmo preparados pela mudança? E o que acontece com eles ao longo do tempo?

A resposta para a primeira pergunta é muito simples. Não, não estavam preparados para a mudança, e quanto ao que acontece com estas pessoas, posso afirmar que mesmo morando em um país com mais estrutura e recursos, não vivem, apenas sobrevivem. Principalmente porque são obrigadas a aceitar empregos ruins e ficam neles por muito tempo, quando na verdade deveriam apenas utilizá-los como um instrumento de auxílio temporário, que garante o sustento e sobrevivência até a chegada de melhores oportunidades. Porque vamos combinar né, a maioria começa em subempregos, e tudo bem que seja assim. O erro não decorre disso, mas sim do fato de que a pessoa não aproveita as chances que tem para aprender a se comunicar e se especializar em alguma profissão que a ajudaria a conquistar um emprego melhor, preferindo viver como vítima de seus próprios erros e escolhas. O que falta, portanto, não são oportunidades. O que falta é uma mentalidade internacional.

O indivíduo que possui uma mente internacional compreende que enfrentará desafios, mas também leva no seu coração o desejo e a vontade de fazer parte de algo novo. Entende que não é a mudança que transformará a sua vida, mas sim a sua atitude diante da mudança, e seguindo esta motivação, já vai preparado para se familiarizar com a língua e se adaptar às pessoas. É desta forma que ele aprende, forma laços e cria um novo lar.

Em outra perspectiva, o indivíduo que confraterniza apenas com os seus próximos e evita ao máximo o contato com a nova cultura na qual está inserido tem uma adaptação muito difícil e, em grande parte das vezes, pode nunca vir a adaptar-se e isso não é culpa dos outros ou das dificuldades relacionadas ao novo ambiente. A culpa é somente dele. Ao adotar esta postura, o sujeito inibe seu desenvolvimento e evolução e isso costuma acontecer por vários motivos, mas acredito que os principais sejam o medo de aprender um novo idioma e o sentimento de inferioridade.

Muitas vezes, a pessoa prefere calar-se ao ser corrigida ou pior, vai apenas a locais frequentados somente por brasileiros para evitar qualquer tipo de comunicação com um nativo da língua, pelo simples fato de que tem medo de passar vergonha devido à falta de familiaridade com o idioma. E agora lhe pergunto: Como essa pessoa irá aprender se não tenta se comunicar? Como alcançará melhores condições de vida e trabalho se nunca será capaz de conversar com o seu superior? É uma escolha sem nenhum propósito e que só traz infelicidade.

Afinal, de que adianta levar seu corpo para outro país e deixar a sua mente exatamente no mesmo lugar?

Não dá para fugir das consequências desta escolha. E como mente e corpo não podem existir como elementos separados, os danos emocionais são tão fortes e crescentes que grande parte dos imigrantes voltam para os seus países de origem ou ficam onde estão, mesmo que isso não lhes traga felicidade, pois sabem que pelo menos ali terão um salário um pouco mais digno e possibilidades um pouco maiores de acesso à coisas que dificilmente conseguiriam conquistar no Brasil.

Outro fator a se destacar, além do medo da nova língua, é o sentimento de inferioridade. Muitos brasileiros se encolhem diante dos nativos por temerem algum tipo de preconceito, devido às suas origens ou um tratamento rude, por questões de soberba ou desprezo. Acreditam que o americano ou europeu, por não os desejarem ali, evitarão contato ou simplesmente ignorarão as suas existências. O mais engraçado de tudo isso é que se pararmos para pensar, é grande o número de brasileiros que se consideram inferiores e colocam num patamar todos aqueles que vem de fora. Podemos citar como exemplo o comportamento apresentado quando se deparam com um turista estrangeiro… tiram fotos, tentam vender coisas, bajulam, enfim, agem como se a pessoa fosse extraordinária ou especial pelo simples fato de que não pertence à mesma cultura e país. Exemplo que nos leva à seguinte questão: por que não nos sentimos extraordinários e especiais quando somos nós os estrangeiros? Esse é um dos pontos que devemos considerar quando tentamos modificar nossa forma de ver as coisas e buscamos adquirir uma mentalidade internacional.

Mesmo porque, ninguém é melhor do que ninguém e ninguém nasce sabendo tudo. Precisamos deixar para trás o pensamento de que não seremos bem-vindos, nem capazes de nos adaptar. Nada acontece de uma hora para outra e não é necessário ter fluência no idioma para começar a se comunicar. O vocabulário aumentará aos poucos, a adaptação acontecerá aos poucos e tão logo grande parte daquilo que você desejava conquistar estará ao alcance de suas mãos. Basta persistir, se dedicar e acreditar!

Então trabalhe a sua mente internacional e siga com seus sonhos. O mais difícil você já fez, agora é só plantar as sementes, organizar a viagem e colher os frutos do seu sucesso!

E quanto a você: acredita que possui uma mentalidade internacional? Me conta nos comentários!