Os 7 princípios da ONU de Empoderamento das Mulheres
A ONU Mulheres Brasil em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global tem incentivado a adesão, por parte das empresas brasileiras, dos 07 Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs – sigla em inglês), proposto pela ONU Mulheres (mundial).
Os Princípios de Empoderamento das Mulheres, tem como objetivo principal auxiliar o setor privado a concentrar seus esforços na concretização dos elementos-chave, visando promover a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Elementos-chave dos Princípios de Empoderamento Feminino:
- Construção de economias mais fortes com o apoio de mulheres exercendo cargos de liderança;
- Construção de sociedades mais igualitárias, estáveis e justas;
- Atingir os objetivos de desenvolvimento, sustentabilidade e direitos humanos internacionalmente reconhecidos;
- Melhorar a qualidade de vida para todos os membros de uma família, através da oferta de salários justos e iguais para todos (homens e mulheres);
- Impulsionar as operações e as metas dos negócios.
Com base em práticas empresarias reais, a ONU Mulheres em conjunto a outros órgãos e organizações, visa alertar sobre a necessidade de criar políticas públicas e ações afirmativas que garantam um maior espaço para as mulheres no mercado de trabalho. Razão pela qual atua, ativamente, ajudando empresas a adaptarem suas políticas internas, normas e missões para concretizar o empoderamento feminino, favorecendo o crescimento profissional dentro das organizações.
Como o alcance da igualdade de gêneros requer a colaboração de todos, os princípios incluem não só os interesses dos governos e das empresas, mas também de toda sociedade civil. Propondo que é através da união dos mais diferentes segmentos, que alcançaremos formas mais justas de trabalho e distribuição de renda, tratando-se principalmente, de cargos e salários.
Hoje a ONU Mulheres conta com a participação de mais de 12.000 signatários, sendo mais de 8.000 empresas, distribuídas em mais de 170 países. Fato que comprova que a conscientização global sobre o problema ainda é o melhor caminho para a elaboração de soluções.
Para ser signatária dos 07 princípios, a empresa precisa assinar o documento “Declaração de apoio do/a CEO” disponível no site http://weprinciples.org/Site/HowToSign/; enviar o documento, preenchido e digitalizado, para este mesmo site; verificar, após 15 dias, se a sede da ONU Mulheres de Nova York aprovou a adesão através do link http://weprinciples.org/Site/Companies/1.
Após a publicação do nome da empresa no site da WEPs, a organização pode fazer uma cerimônia formal interna, divulgando a assinatura de todos os funcionários. Mas também pode contar com a participação de membros oficiais da ONU Mulheres, que conduzirão a cerimônia e orientarão a todos os novos membros, através de uma oficina, sobre a importância dos princípios.
Vale salientar que cabe a empresa fazer uma autoavaliação sigilosa para verificar como se enquadrará nos princípios e tudo o que precisa melhorar. Para tanto, poderá utilizar a ferramenta WEPs Gender Gap Analysis disponibilizada pela ONU Mulheres e também organizar-se internamente para definir quais serão as prioridades e as estratégias de ação para viabilizar cada um dos princípios.
Mesmo porque, vivemos em um mundo cada vez mais globalizado. Condição que induz a necessidade de utilizarmos todos os ativos socioeconômicos disponíveis para garantir o desenvolvimento de negócios e a sustentabilidade do nosso planeta. E diante deste progresso, é inadmissível que mulheres ainda continuem a sofrer discriminação, marginalização e exclusão em comunidades e no mercado de trabalho. Realidade percebida por grande parte dos países e que aos poucos, vem sendo modificada em muitas sociedades e empresas do Brasil e do mundo.
Mas acredito que assim como eu, você também considera que há muito em que melhorar. E é este o grande objetivo dos 7 princípios. Então vamos a eles:
1. Liderança
A alta liderança deve assumir um compromisso com a igualdade de gêneros por meio de mudanças estruturais dentro da organização. Tendo em vista esta missão, deverá criar e conduzir estratégias, desdobrar suas prioridades em metas e objetivos, vinculando-as aos indicadores de gestão da organização. É de responsabilidade da alta liderança o desenvolvimento de estruturas institucionais e culturais internas, com vistas à promoção da igualdade entre os gêneros. Só assim, todos os membros da organização compartilharão dos mesmos valores e contribuirão para a construção de processos mais justos relacionados ao avanço profissional e ao crescimento de seus colaboradores e comunidades.
2. Igualdade de oportunidades, inclusão e não discriminação
Existem desafios que exigem medidas específicas no cumprimento de ações que promovam um ambiente não discriminatório entre homens e mulheres. A busca por meritocracia ajuda, mas não é suficiente para garantir a igualdade entre gêneros dentro de uma empresa. Afinal, serviria apenas para demonstrar o que é realizado e entregue sem considerar a forma da entrega. Motivo pelo qual, as organizações altamente meritocráticas tendem a apresentar um maior índice de práticas discriminatórias de gênero, já que são incapazes de reconhecer as necessidades de grupos que não fazem parte de uma mesma realidade.
Portanto, para aplicar este princípio, a empresa precisa realizar primeiramente uma avaliação de sua condição atual diante da igualdade de gêneros, reconhecendo suas falhas e priorizando a criação de políticas e práticas que possibilitem condições mais igualitárias para todos os seus funcionários. Deverá elaborar também uma declaração empresarial explícita proibindo a discriminação baseada em gêneros no momento da contratação, nas políticas de retenção, promoção, salários e benefícios. Só assim criará projetos eficazes, diminuindo a incidência e a propagação de comportamentos ou ações discriminatórias em seu interior.
3. Saúde, segurança e fim da violência
É importante que a empresa esteja ciente de que as necessidades das pessoas relativas à saúde e segurança também sofrem a influência dos gêneros. Portanto, a empresa deve guiar-se pela diversidade ao planejar o escopo de seus planos de saúde, as condições de trabalho e a formação de suas equipes, de acordo com o tipo de atividade exercida. Desta forma, preservará a saúde física e mental de seus colaborados.
Mas deve atuar com sensibilidade e cautela, sem reforçar estereótipos de gênero e a crença de que mulheres são mais onerosas para a empresa devido principalmente, a licença-maternidade. Este paradigma tem sido eliminado por diversas pesquisas que comprovam que a licença-maternidade não acarreta em maiores custos, pois parte do valor é custeado por políticas públicas. E muitas empresas contam com o apoio de suas colaboradoras em home office, passando temporariamente, parte de suas funções, para outras pessoas de um mesmo departamento.
4. Educação e formação
As politicas de desenvolvimento devem ser realizadas com vistas às necessidades de formação de homens e mulheres. A adoção da educação como recurso estratégico dentro das organizações remove obstáculos à igualdade de gêneros e auxilia na superação de desafios pessoais apresentados pelas funcionárias dentro do mercado de trabalho. As linhas de atuação podem ter frentes voltadas diretamente para as mulheres, mas que cheguem ao alcance de outros públicos de interesse.
Neste caso, é possível oferecer treinamentos e programas de mentoria direcionados às colaboradoras mulheres (que segundo levantamentos, ainda são o público que menos se desenvolvem nas organizações devido a influências culturais) e ampliá-los para outros que também considerem tais ações interessantes.
Além desta estratégia, devem ser realizados treinamentos para gestores e gestoras que ampliem suas visões, eliminando inibições, relacionadas a contratação e orientação de funcionárias na empresa. É altamente indicada também a busca contínua por novas informações e novos modelos de organização capazes de atende às necessidades trazidas por mulheres. Tal atitude aumenta o grau de confiança e o sentimento de pertencimento das colaboradoras, na medida em que incentiva a inovação e o desenvolvimento do negócio.
5. Desenvolvimento empresarial e práticas de cadeia de fornecedores e de marketing
Por meio de políticas das cadeias de suprimentos, pode haver o incentivo a fornecedores e fornecedoras no desenvolvimento de práticas internas de igualdade de gênero. Com esta ação torna-se possível também a conscientização de compradores e compradoras na identificação de empresas que são lideradas por mulheres e a criação de estratégias de marketing que promovam valores e quebrem paradigmas de gêneros.
Quando empresas tomam decisões de compra que melhoram a distribuição de renda, criam relações indiretas com o mais variado tipo de pessoas e contribuem no aumento da renda daquelas que encontram-se em situações de maior vulnerabilidade.
Tendo isso em mente a ONU criou o manual “O Poder de Compras”, alertando empresas e fornecedores sobre as barreiras e desafios enfrentados por empreendimentos liderados por mulheres, e orientando-os na realização de um plano de compras sensível a gênero.
6. Liderança comunitária e engajamento
Através de seu próprio exemplo como negócio constituído e desenvolvido dentro de uma comunidade, a empresa pode, utilizando-se de ações sociais, promover a igualdade de gênero. O prestígio alcançado pela organização, durante sua trajetória, pode ser convertido em projetos eficazes para mobilizar comunidades, governantes e outras empresas.
Segundo levantamentos recentes, a geração de uma renda maior para as mulheres aqueceria a economia, pois elas reinvestem mais seus rendimentos na família e na comunidade, gerando diversas oportunidades futuras. Tanto que, países com maior igualdade entre os gêneros tendem a ter menores taxas de pobreza e isso é um reflexo direto de mecanismos de geração de renda para um número cada vez maior de mulheres.
7. Acompanhamento, medição e resultados
O monitoramento de metas por parte da empresa deve ser frequente para garantir, de forma eficiente, a realização e o alcance de todas as prioridades definidas. Os indicadores de gênero precisam estar discriminados nos relatórios e disponíveis para todos os colaboradores e no caso de empresas maiores, dependendo da legislação, é necessária a divulgação pública dos levantamentos de dados de diversidade de gênero, com vistas ao cumprimento e atendimento correto de suas ações.
O reconhecimento da eficiência e do cumprimento dos 7 princípios vem da própria ONU que, por meio do Prêmio WEPs, identifica e reconhece empresas que estão aplicando de forma correta os Princípios de Empoderamento das Mulheres. E não fica só por aí, através do Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça, o Governo Federal, atesta e mostra quais empresas estão cumprindo suas metas de avanço em indicadores de diversidade de gênero e raça. Desta forma, todos os clientes/consumidores terão acesso às informações e poderão fazer escolhas mais conscientes relacionadas às suas decisões de compra.
No Brasil, existem diversas empresas que seguem estes princípios e dentre estas podemos citar: Lojas Renner, Laboratório Sabin, IBM, Itaú Unibanco, DELL Computadores do Brasil, Magazine Luiza, Mapfre Seguros Gerais S.A., McDonalds, Banco Santander, Accenture, Atento, Whirlpool e Pandora do Brasil.
E quanto a você: A empresa onde atua adota estes princípios? O que achou dos 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres desenvolvidos pela ONU?
Me conta nos comentários!
Fonte: Cartilha ONU Mulheres Brasil (formato digital).
Sirlei Stocchero – Mentora Internacional