Reduflação: o que é e como impacta na sua vida?
Já ouviu falar no termo reduflação? Em economia, representa a condição em que os produtos diminuem de tamanho ou quantidade, mas mantém ou aumentam seus preços.
E eu acredito que você já tenha constatado este fato. Principalmente porque, ao andarmos pelos mercados no Brasil, percebemos mudanças bem pouco sutis.
Quer um exemplo de reduflação?
Lembra aquela linguicinha de porco congelada que vinha em pacotes de 1kg e há três anos atrás custava cerca de R$ 10,00 (R$ 8,00 em promoções)? Pois é, agora, dificilmente você encontrará embalagens com esse peso e sob o mesmo preço. E, por sua vez, só irá localizar pacotes de 900 gramas com valores acima de R$ 18,00 reais. Ou, caso seja agraciado com uma promoção, terá a sorte de levar para casa, embalagens de 700 gramas com um valor próximo a R$ 12,00.
Por fim e desta forma, assim como a maior parte dos consumidores, irá comprar a embalagem de 700 gramas que contém aproximadamente 7 linguiças. Fato que induzirá a diminuição do consumo deste produto em sua casa, diminuindo também a sua satisfação e desejo por comprá-lo novamente.
Até perceber que não tem nenhum tipo de carne em casa e a linguiça é uma escolha acessível e de fácil preparo. Assim, tão logo virá uma nova compra e novamente, a reduflação assombrará sua refeição.
Aqui vale avaliar o seguinte: uma embalagem maior (de 1kg) tem aproximadamente 10 linguiças. Portanto, para uma família de 5 pessoas, seriam 2 linguiças para cada integrante por refeição. Agora, com 7 linguiças, ou as mesmas serão divididas ao meio ou os adultos comerão duas, deixando as restantes para seus filhos. Ou ainda, os adultos deixarão de comer ou comerão menos para garantir uma maior quantidade para suas crianças.
De qualquer forma, alguém, sempre, sairá perdendo.
A reduflação só existe no Brasil?
Tal qual no Brasil, nos Estados Unidos temos percebido também essas alterações, principalmente nos restaurantes. Pratos de saladas, lanches de fastfood e carnes diminuíram de tamanho e nuggets são ofertados em menores quantidades. No entanto, nada diminuiu de preço. Muito pelo contrário, os preços estão cada vez maiores.
Motivo pelo qual, muitos imigrantes e americanos tem reduzido o consumo fora de casa e optado por opções mais baratas de gêneros alimentícios.
Afinal, nos mercados ainda é possível comparar preços e realizar melhores escolhas.
Em conclusão, podemos constatar que a reduflação não é coisa de país subdesenvolvido. E, conforme avança a crise, maiores são as evidências de que este fenômeno está em plena expansão e já atinge grande parte dos países do mundo.
Sendo assim, te pergunto: você sabe por que isso acontece?
O que acontece com a oferta de produtos?
Segundo economistas, a redução das embalagens é um reflexo direto da inflação que vivemos hoje. Condição que aumenta o preço dos insumos e obriga os fabricantes a encontrarem novas alternativas para evitar a perda de lucratividade.
E é assim, que todos contribuem, em larga escala, para o crescimento da reduflação.
Mas, não pense que eles desconhecem o risco desta estratégia. Afinal, a cada alteração de embalagens podem acabar sofrendo com o abandono do consumidor à marca. Pois, diante do preço e da quantidade, o cliente pesquisará mais e escolherá o produto que couber melhor no seu bolso.
Como a reduflação impacta na sua vida?
Conforme demonstrado com o exemplo do que acontece com a linguiça, não é difícil sentir os impactos da reduflação.
Em primeiro lugar, ela é um resultado direto da crise econômica que vivemos hoje. Com a desvalorização da nossa moeda, não existem reajustes que garantam acesso à moradia, saúde e alimentação, de forma justa e igualitária. Portanto, compramos menos ou o essencial como forma de garantir nossa sobrevivência.
Em segundo lugar, a reduflação é também o motivo principal que tornou ainda mais complicado manter, eficientemente, o orçamento familiar. Condição que tem tornado mais difícil a aquisição de bens de consumo básicos, por parte das famílias.
Em terceiro lugar, é em suma, uma estratégia que pode ferir sem que o outro perceba. Ou seja, você comprará menos de um determinado item, mas estará pagando um valor próximo ao que já pagava antes.
Para uma pessoa desatenta parecerá uma consequência normal da inflação. Deste modo, o motivo real só será percebido, caso note que a durabilidade do produto comprado foi bem menor ou que a embalagem está mais fina ou leve.
Logo, nossa renda deixa de ser suficiente e aos poucos, percebemos como a vida se tornou mais cara.
Existe alguma legislação que nos proteja deste fenômeno?
A Portaria nº 392/2021 do Ministério da Justiça, além de autorizar as reduções prevê também, que não existem ilegalidades referentes a adoção desta medida.
Porém, é exigido da empresa que fizer essas modificações, que deixe um anúncio destacado e bem visível, por um período de 6 meses, que indique as mudanças na embalagem do produto. Após este período, o produto pode ser alterado, desde que a alteração de peso ou quantidade seja evidente para o consumidor.
Sendo assim, o problema não está na determinação, mas sim no controle. Pois, empresas estão diminuindo em quantidades absurdas os seus produtos e não estão anunciando as mudanças. E pior, as informações destas mudanças estão cada vez mais escondidas nas embalagens.
Fato que comprova a ineficiência da lei e das medidas adotadas. Mesmo porque, diante de denúncias, o Ministério da Justiça apenas informa que irá averiguar as irregularidades. Mas, por sua vez, não tem tomado atitudes concretas que protejam os consumidores.
O que posso fazer caso constate alguma irregularidade?
Neste caso, existem 2 orientações que podem te ajudar:
1. Entrar em contato com os canais de atendimento do fornecedor que praticou a reduflação
É possível fazer uma reclamação ou pedir esclarecimentos diretamente com o fornecedor do produto. E por fim, dependendo da resposta ou justificativa dada, avaliar a veracidade das informações. Caso sinta-se lesado, ou receba um tratamento desrespeitoso ou desinteressado, você poderá buscar por outros caminhos legais que te ajudem a verificar a gravidade da infração.
2. Prestar queixa nos órgãos de defesa do consumidor
Muitas vezes só somos ouvidos quando fazemos um grande barulho. Portanto, se notar que a mudança do produto é prejudicial e foge às normas estabelecidas, buscar por seus direitos é sempre o melhor caminho. Neste caso, você poderá abrir um processo administrativo a seu favor ou fazer uma denúncia de prática abusiva no Ministério da Justiça. Tudo dependerá do tamanho do dano ocasionado pela prática ilegal de redução do produto.
Em ambas as situações, estar munido de provas mostrando o antes e o depois do item em questão, te ajudará a comprovar a reduflação, seja essa abusiva ou não anunciada.
Então, agora que sabe o significado do termo e suas consequências, me conta:
Como a reduflação tem impactado na sua vida?